GÊNESIS

Por: João H. L. Ferreira.

           

Junto com os cinco primeiros livros da Bíblia, Gênesis faz parte da Tora (Livro sagrado dos Judeus) e o relato é uma das bases do Corão. Dessa feita, Gênesis é a base para as três religiões monoteístas do planeta: A católica, a judaica e a islâmica (https://pt.aleteia.org/2015/01/23/quais-sao-as-semelhancas-e-diferencas-entre-a-biblia-e-o-alcorao/).

 

Mas, de onde vem o livro de Gênesis? Quem o escreveu? por que?

 

Tendo sido o único hebreu educado na realeza egípcia, ao contrário dos seus contemporâneos que eram escravos, Moisés, durante o Êxodo (Saída do povo judeu do Egito), resolveu escrever as tradições orais de seu povo (Histórias passadas de pai para filho), com o objetivo de melhor preservar as memórias Israelenses. Era o início do que seria conhecido como o Livro de Gênesis na Bíblia.

 

Até bem pouco tempo atrás, os historiadores inferiram que o Faraó, no tempo de Moisés, seria Hamessés II ; o que dataria o êxodo (E o início da escrita do livro de Gênesis) por volta de 1200 AC. Mais recentemente, no entanto, chegou-se a conclusão que o mais correto seria atribuir essa posição à Tutemés III. Isso implicaria em retroceder a data em 300 anos; o que dataria os escritos de Gênesis por volta do ano 1.500 AC (3500 anos anteriores aos nossos dias).

 

Devemos lembrar que, antes de ser escrito, os relatos de Gênesis eram tradição oral. De onde viria essa tradição ORAL que começou a ser escrita 3500 anos atrás?

 

O ultimo fato narrado por Gênesis foi a morte de José. Estima-se que isso ocorreu na época do faraó Apopi I, da dinastia dos Hicsos; o que dataria a morte de José  por volta do ano 1800 AC. Como José era BISNETO de Abrão; presumindo-se que o relato verbal seja datado de antes de Abraão. Com isso chegamos espantosamente ao ano 2000 AC (4000 anos atrás).

 

Mas, quem era o povo Hebreu (Povo de Moisés, pessoa que colocou o relato de maneira escrita pela primeira vez na história)? Quando ele surgiu?

 

Os Hebreus fazem parte dos povos SEMITAS. A palavra SEMITA deriva de Shem, um dos três filhos de Noé (Gênesis 5:32). Assim, os povos semitas (arameus, assírios, babilônios, sírios, hebreus, fenícios, Hicsos e caldeus) seriam os que se auto-proclamavam descendentes de SHEM. Isso nos leva a dizer que o relato teria surgido, pelo menos, 500 anos antes de Abrão; o que nos remeteria a 4500 nos passado a contar de nosso tempo.

 

Vamos contextualizar a época: Há 4500 anos atrás, a humanidade já havia adotado o sedentarismo. Fixado a terra, construiu grandes cidades. A sobrevivência e a riqueza tinham como base o uso da terra e da água; necessárias à agricultura; mineração e outras atividades humanas. Controlar esses recursos era vital; mantendo os povos um grande quantitativo de pessoas alocado em exércitos. Além da terra e da água; o Homem era dependente dos fenômenos naturais e das estações do ano, que ditavam a época de plantar e colher, sob pena de destruição das safras para quem desrespeitasse essas épocas.

 

A casta dos sacerdotes, intermediários entre o homem e os deuses, que controlavam a natureza, assumia um papel às vezes até mais importante do que a dos chefes de Estado e militares. O modo de produção era escravista e os povos, por mesclarem a idéia de Deus com as forças da natureza, eram politeístas. As explicações para o aparecimento do mundo eram míticas (Dadas pela existência de seres fabulosos, de grande poder que, em batalhas ou por manipulação, ordenavam o caos e faziam nascer a ordem; ordenando o Universos e os seus desígnios). Foi nessa realidade que apareceu a narrativa de Gênesis sobre a criação do mundo.

 

Dessa feita; Gênesis foi destinada a uma humanidade com compreensão limitada do Universo que o cerca. Os rudimentos da ciência estavam anos luz de como a conhecemos hoje. A filosofia só iria aparecer 1500 anos depois.

Apesar de ATEMPORAL (Ser destinada à humanidade de todos os tempos), o relato da criação não teve como destinatário primário o homem de ciência do século XXI, mas ao homem limitado ao conhecimento existente no século CD AC. Isso posto, o texto deve ser lido como uma alegoria (Conjunto de símbolos utilizados para se transmitir um determinado conhecimento de maneira simplificada); pois, era necessário codificar a verdade sob essa forma para atingir o entendimento limitado do homem da época.

 

O que me salta a atenção em Gênesis é que; para um relato alegórico de mais de 4000 anos de idade, temos espantosas Verdades que a ciência só veio a descobrir milhares de anos depois.

 

Na narrativa de Gênesis; em seu primeiro capítulo, vale destacar que:

1)      Ela desloca a idéia de ORDENAÇÃO para a idéia de CRIAÇÃO; ou seja: Nos relatos míticos o mundo era pré-existente e os seres míticos apenas o ordenavam o caos, gerando a ordem. Em Gênesis, Deus cria. O Universo NASCE de algo que NÃO É O UNIVERSO. A origem do Universo está FORA do Universo. É o próprio Deus que o cria (Antes do BIG BANG não existia espaço, energia, matéria ou tempo). O Universo não existia.

2)      A criação não aparece de uma única vez; em um só dia; mas é fruto de vários dias; ou seja: Há uma idéia temporal, onde a VIDA vai EVOLUINDO da mais simples para a mais complexa. Isso equivale a dizer que a VIDA EVOLUIU.

3)      A ordem da criação, narrada em Gênesis, é praticamente a mesma que os cientistas dizem ter ocorrido no aparecimento do Universo: Energia; matéria; água, seres menos complexos; seres mais complexos; homem; e tudo se dá em lapsos de tempo.

4)        As coisas não aparecem de uma só vez. Gênesis é evolucionista; ao seu modo. A criação Divina utiliza-se da evolução / gradação para criar as condições de vida para o Homem; possibilitando o seu aparecimento e sustento.

4)        A velocidade da criação é cada vez maior, o que a ciência corrobora: A evolução aumenta de velocidade com a passagem dos milênios.

 

Lida desse modo, e levando em consideração a época em que surgiu o relato pela primeira vez, temos uma IMPOSSIBILIDADE de que o mesmo pudesse aparecer, e até mesmo aceito / prosperado, NATURALMENTE, em um cenário de 4500 anos antes de nossa era.

 

 Seria impossível para um homem comum, ou até mesmo para um sacerdote da época, inventar esse relato. Primeiro, por que um DEUS ÚNICO dentro de povos politeístas é impensável. Segundo, por que CRIAR do NADA também não faz sentido. No relato da criação encontramos um Deus único, que cria tudo à partir do nada, apenas com a sua VONTADE, usando a SUA PALAVRA de comando. Além do mais, o que mais me chama a atenção no relato da criação de Gênesis é que; ao contrário do que os adeptos fervorosos do evolucionismo criticam, dizendo que o texto é criacionista, o mesmo se APROXIMA incrivelmente do conhecimento que temos hoje do Universo. Gênesis É UM TEXTO EVOLUCIONISTA; só que escrito de maneira alegórica, destinada a um homem que não tinha os conhecimentos que temos hoje. Assim, em Gênesis, não temos divergência entre as Verdades da Fé e as Verdades Científicas. Ao contrário, temos uma convergência espantosa, o que nos leva a perguntar QUEM REALMENTE CRIOU O RELATO DE GÊNESIS, pois, é impossível, pelo contexto da época, que surgisse naturalmente. Conclui-se, então, que o relato NÃO É NATURAL. Ora, se NÃO É NATURAL, só pode ser SOBRENATURAL. Assim, ao nos debruçarmos sobre a questão, só podemos concluir que o relato da criação de Gênesis NÃO É UMA OBRA HUMANA.

 

Conclusão: O relato da criação de Gênesis advém de uma tradição verbal dos povos semitas que, através de uma alegoria, narra a origem sobrenatural de nosso mundo, narrando, de uma maneira incrivelmente PRECISA, o aparecimento do nosso Universo. O relato tem teor evolucionista, o que nos leva a INFERIR que a narrativa não surgiu de maneira natural, "inventada" por homens da época, pois os mesmos não tinham desenvolvido os conhecimentos necessários a produção de um relato tão preciso. Concluímos, afirmando que, a origem do relato da criação em Gênesis é sobrenatural.

 

Vale outro ponto para meditação: O povo Hicso, que se denominava SEMITA (Descendentes de um dos filhos de Noé), invadiu o Egito. A dinastia dos HICSOS eram também chamadas de REIS ESTRANGEIROS, pois não eram originários do Egito. Na época em que José foi vendido como escravo, se tornando depois GOVERNADOR de todo o Egito, os HICSOS haviam subido recentemente ao poder.

 

Os HICSOS. foram expulsos do país sem que haja relatos de batalhas. Eles dominaram o Egito e sairam, sem relato de conflitos ou batalhas ou indícios de guerras.

Na época da saída dos HICSOS do poder coincide com o começo da escravidão do povo hebreu. Acredito que esses fatos (Dinastia Hicso, José, Hebreus no Egito, expulsão dos Hicsos, escravidão dos Hebreus) não sejam coincidências e estejam interligados. Se alguém tiver pistas, favor enviar por e-mail. Acho que, um povo semita, conquistando uma parte do Egito, necessária ao estabelecimento, sobrevivência e multiplicação de um outro povo semita (Quando os Hebreus saíram do Egito, o relato diz que, milhares de pessoas, descendentes dos 12 filhos de Jacó, se colocaram em marcha que durou dias nas ruas das cidades do Egito) não é coincidência.

 

 

Atenção: Esse texto pode ser copiado ou utilizado, em todo ou em parte, desde que cite como origem a "Página pessoal de João Henrique Lacerda Ferreira em www.jhlf.com.br".

 

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