A SOCIEDADE BRASILEIRA ANALISADA POR FOUCAULT E FREUD
Por: João H. L. Ferreira.
Paul Michel Foucault. Psicólogo e Filósofo. Um dos mais importantes pensadores do século XX.
Sigmund Freud. Psicólogo. Pai da Psicanálise. Viveu na sociedade européia do século retrasado.
A genealogia de Foucault permite-nos desenvolver estudos, elegendo-se um ponto de partida e executando as investigações pretendidas à partir daquele ponto. Já, os estudos da sexualidade de Freud, desvendam os mistérios da psique e do desenvolvimento da afetividade humana.
O que ocorreria se esses dois gigantes se debruçassem, colocando a nossa sociedade sobre o divã?
Foucault, certamente, apontaria a diluição do poder paterno.... Conforme seus trabalhos já apontavam, desde a sociedade romana, onde o PATRIARCA detinha o poder de vida e de morte sobre os que estivessem sob seu domínio, até os dias de hoje, quando a igualdade dos conjugues, e as Leis de proteção à mulher e à criança, tiram do PAI a maior parte dos poderes, transferido-os para o Estado; o patriarcado vem morrendo; encontrando-se praticamente morto em nosso século.
Foucault diria que houve uma mudança do eixo de poder dentro da família: Do vertical, com o PATRIARCA detendo o poder supremo, para o horizontal; onde o poder se irradiou para todos os membros da família.
Pela análise de Foucault, CONCLUIRÍAMOS que a sociedade patriarcal passa a ser uma sociedade FRATERNAL, onde não somos mais pai ou mãe, mas sim IRMÃOS.
Freud diria que todos os nossos problemas vêm de nossa ralação com os nossos pais. A família freudiana (Da época de Freud) era fortemente PATRIARCAL. O pai detinha o poder central dentro dela. Para Freud, pai e filho se batiam pela atenção da mãe. Na família freudiana, o pai representa o poder, a mãe representa a satisfação dos desejos.
No conflito entre pai e filho, vendo-se o filho incapaz de vencer, recolhia-se, na infância, em uma fase chamada de LATÊNCIA, onde os desejos jaziam no inconsciente, de forma reprimida, latente, pela impossibilidade de satisfação.
Mais tarde, segundo Freud, na adolescência, com as transformações do corpo lhe dando forças; novo embate, entre pai e filho, se dá, tendo como conseqüência a construção da personalidade (vontade e desejo próprio) do filho; cuja percepção se dá no antagonismo à vontade do pai (O filho percebe-se diferente do pai, com vontade própria, desafiando a vontade e o poder paterno).
Da leitura de Freud e Foucault, depreendemos que, em nossa sociedade, o PAI ESTÁ MORTO. Com a morte do pai, a construção da IDENTIDADE não se dá mais no antagonismo com o mesmo. A identidade passa a se dar na IGUALDADE com o IRMÃO. Assim, é necessário que SEJAMOS IGUAIS; que nos PORTEMOS de maneira IGUAL; que TRAJEMOS as mesmas roupas; que PENSEMOS IGUAIS. A identidade é forjada com o que EXPRIMIMOS e não com o que PENSAMOS. A identidade se dá com o que exibimos (Roupas, relógios, carros, etc....). Somos membros de uma mesma família. Irmãos. VESTIMOS o MESMO. Dançamos o MESMO, falamos o MESMO, PENSAMOS O MESMO.
A IDENTIDADE deixa de se dar no confronto e passa a ser encontrada na CONFORMIDADE; o implica na PERDA DA PRÓPRIA IDENTIDADE; pois, se sou igual ao outro, e não existe diferença entre nós dois, então, eu não tenho identidade própria. A IDENTIDADE se FAZ NA CONFORMIDADE COM O COLETIVO....
Mas, como diria Foucault, o poder é NECESSÁRIO. Se o PODER É NECESSÁRIO, o PAI É NECESSÁRIO. Mas, se o PAI É NECESSÁRIO, onde está o PAI?
A resposta é simples: Na vagância do PAI, ASSUME O ESTADO (A legislação assim mesmo o diz). O Estado, ao contrário do descrito no livro 1984 não é um BIG BROTHER, ma sim o GRANDE PAI que, por não existir fisicamente, por não ser palpável no físico, é um pai que não conseguimos nos confrontar ou nos rebelar. Ele é um pai poderoso: Exército, polícia, marinha, aeronáutica, leis, prisões, manicômios, economia. Tudo sob o controle do Estado: UM PAI imbatível, poderoso, sempre potente. Então, o que nos resta como filhos? A submissão, diria Freud. A eterna latência, na posição de FILHOS: SUBMISSOS, CONFORMES, ENTREGUES A NOSSA FRATERNIDADE IGUALITÁRIA..... Nesse cenário, como atingir a FASE ADULTA então? Freud diria: Entendendo que o ESTADO NÃO É O PAI, mas sim MÃE.
O ESTADO é REGIDO por HOMENS para SATISFAZER OS SEUS DESEJOS. Então, o ESTADO É MÃE e NÃO PAI. É necessário ASSUMIR O PAPEL DE PAI; ou seja: TOMAR O ESTADO. Para isso é necessário ser CIDADÃO PLENO; bradaria o velho Freud...
Freud dizia que ser ADULTO é ASSUMIR o papel de ser PAI e MÃE na sua própria vida. É entender que o seu destino depende somente de si mesmo; e que o papel de PRÓPRIO PAI e PRÓPRIA MÃE não podem ser delegados sob pena de grandes estragos na vida emocional da pessoa. Tornarmo-nos ATUANTE, na SOCIEDADE, na FAMÍLIA, deixando de DEPENDER da MÃE e da AUTORIZAÇÃO DO PAI, essa é a saída para as nossas mazelas e para o desenvolvimento de nossa personalidade. SOMOS TODOS ADULTOS, e por isso a solução é NOSSA. Cabe à MÃE ESTADO APOIAR; somente isso........O HOMEM não foi CRIADO pelo ESTADO, mas sim o ESTADO FOI CRIADO PELO HOMEM. Está na hora (Já passou) de assumirmos as nossas responsabilidades de ADULTOS.